domingo, 28 de março de 2010

Um cidadão abaixo do Progresso.

Taperense vive em péssimas condições há mais de 28 anos.

A pista que dá acesso a cidade de São José da Tapera está em processo de reconstrução total. Do posto policial do entroncamento a 7 km ao Leste, até o município de Caboclo ao Oeste da dita cidade, será reconstruída todo o asfalto pela empresa SVC.




Segundo informações, a obra só deu inicio em frente à chácara do jogador do Palmeiras e conterrâneo Clayton Xavier porque as máquinas já estavam próximo do local, facilitando o inicio da obra, e não para favorecer A ou a B como foi especulado por alguns cidadãos. Com o objetivo de terminar a obra antes das chuvas de inverno, os funcionários trabalham até o fim da tarde com o monitoramento de representantes do DER.





























Em meio à civilização nesse mesmo trecho, a 3 km do centro de São José da Tapera, um cidadão
de aparência abandonada, com cabelos grandes e barba por fazer plantando milho chamou a atenção.






















Embaixo da ponte, o Sr. Enock Soares da Trindade, de 63 anos vive em uma casa de taipas coberta com lona rasgada para tentar impedir que a agua das chuvas escorra pelas telhas quebradas. Sem energia elétrica, água e sem nenhum tipo de beneficio do Governo Federal, Estadual ou ajuda do governo Municipal esse taperense sobrevive com suas dificuldades.



A casa simples e pequena, feita pelas mãos do Sr Enock, mostra com detalhes como um cidadão abandonado pelo progresso vive em pleno século XXI.

















Nas margens da AL 220, o Sr. Enock construiu a sua casinha em 1982 e utilizou os materiais retirados da própria terra. Barro e água do riacho, varas da catingueira retirada da mata foram o suficiente para que um trabalhador da zona rural pudesse realizar um grande sonho, construir a sua casa e abrigar toda a sua família.






















Na casa, só existe duas divisórias e não tem banheiro, as necessidades são feitas no mato. Ela é composta por uma pequena sala de aproximadamente 1.50 X 2.00 que também é usada como cozinha. O quarto tem uma divisória que para entrar temos que pular, e devido o teto da casa ser muito baixo, temos que agachar. No quarto mal cabe a cama, e a pequena dispensa guarda todo o material da roça, ou seja, uma enxada, um cavador, algumas tábuas e várias caixas de papelão.


Anos se passaram e o Sr. Enock nunca teve acesso a modernidade, o mesmo nunca teve TV, som, rádio e não sabe nem o que é computador. A casa se torna perigosas quando anoitece, pois várias cobras e escorpiões já foram encontrados em cima da cama pelo Sr.Enock. A casa de taipa é considerada perigosa por ser o abrigo fácil do barbeiro, inseto que transmite a doença de chagas. Diante dessa realidade, existe um programa do governo Federal onde casas desse gênero são derrubadas e feitas de tijolos, tudo por conta do governo, um beneficio o qual o Sr Enock ainda não foi beneficiado.

















O programa Luiz para Todos do governo Federal passou apenas a 100m de seu humilde lar, mas, as autoridades responsáveis não o colocaram na tal lista deixando-o de candeeiro na mão para não ficar em total escuridão. Segundo a nossa reportagem conseguiu apurar, muitas promessas foram feitas, inclusive de o Sr. Enock ganhar um novo lar na cidade, porém, até hoje a promessa não foi cumprida pelos governantes de São José da Tapera.
























“Eu já tive briga de foice com uma salamantra e uma cascavel. Ela veio pra riba de mim me dar uma botada e eu taquei a foice que a cabeça dela voou do outro lado.Quando eu fui dormir, eu vi um negocio se mexendo, quando eu tirei o lençol, era uma cobra, outro dia era uma caranguejeira.”























“aqui eu já bebi água suja das barragens, a mesma água que o gado urinava e bebia.
Agora eu carrego água da Cacimba do Ventura. Eu não passo fome não, porque eu confio em Deus, e ele tem me ajudado. Eu venho fazendo um biquinho aqui e outro ali. A minha ferinha faço toda semana para pagar com o meu beneficio, eu já fiz 12 feirinhas, quando Deus quiser, eu pago. Tenho sim, documento, a profissional, reservista e Xerox do registro de casamento, CPF e RG eu ainda não tenho.”








“A minha vida é sozinho, desde que a minha mulé foi embora. Ela me deixou dizendo que ia na Rua resolver umas coisas e voltava já, até hoje. A gente sabe de umas conversas, fui até a familia dela e mandei a mãe dela tomar de conta que não queria mais ela. Teve um dia que ela veio aqui com a policia para me prender. Eu estava de costa quando me virei, oia os homens olhando pra mim! Eles me levaram no camburão e me levaram para a cadeia dizendo que eu era bandido e ladrão. Eu tentei conversar com eles dizendo que eu era um trabalhador, mas, não teve jeito. A minha sorte foi o prefeito Sr Enio Ricardo que veio na delegacia e disse que eu trabalhava com ele e que eu era um cidadão de bem, aí eles me soltaram e eu vim pra casa, quando eu cheguei não tinha mais nada, a minha mulé tinha levado tudo, foi então que eu fiquei aqui sozinho no escuro até pelo dia porque a casa é escura e até pelo dia tem que acender o candeeiro. Vou morar aqui até quando Deus quiser me levar.”






















“O Governo disse que era para eu não sair daqui, era para eu cuidar de tudo. Eu não vou sair e deixar a minha casinha porque quando eu voltar eles tem derrubado tudo, aí eu vou pra onde? Eu não tenho nada, já vieram aqui e me falaram que vai sair uma casa, que a ficha vem da prefeitura para dar a casa, só que ninguém veio me buscar, se vier eu vou morar lá na Rua. Eu não tenho medo não, já me acostumei com tudo. À noite, quando vou dormir, o sono é tão forte que eu nem vejo o barulho dos carros e as batidas que acontece por aqui, só no outro dia que eu fico sabendo.































O meu filho, morreu de uma batida de um carro em 22 de agosto de 2008, me falaram que foi o ex-vereador Damásio e seu filho. Não me chamaram não na delegacia pra nada. É moça, ficou por isso mesmo. Recebi sim, R$ 8.000(mil) do seguro. A minha esposa ficou com R$ 4.000(mil) e comprou uma casinha na Tapera. Os outros R$ 4.000(mil) foi dividido com os meus filhos. Os meus filhos que moram em Minas todos os anos vem aqui, quando eles chegam querem me levar para morar com eles, mas, eles moram de aluguel e não dar para eu ir morar com eles porque a minha vida é aqui, se eu sair pelo menos uma semana para visitá-los, quando eu chegar não tem mais minha casinha.”

























“Eu não arrumei mais mulé não, eu quem faço tudo, lavo a minha roupa com um pedaço de sabão, varro a casa e faço a minha comida. Não como carne todo dia não. Tenho almoço pronto. Tenho feijão e farinha, verdura no feijão? Tem não moça. Suco não tem, tem agua ou garapa para beber no almoço.”



















“A minha saúde não vai muito bem. Fiquei doente durante uma semana, sem me levantar da cama. Não fui para o hospital não, tomei uns chazinhos e tô de pé. Eu tinha um dente aqui que me comia o juízo, eu coloquei um algodão com álcool dentro do burraco do dente e ele melhorou. Não, eu nunca fui ao médico de dente.”


















“Sou feliz sim, porque tenho saúde e Deus do meu lado.” Disse Sr Enock com um olhar distante, uma voz arrastada, suave e sempre sorridente.




















A pergunta que não quer calar...









Até quando um taperense viverá sem justiça e dignidade, por ser um humilde cidadão da zona Rural?












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(-:Gracinha de Souza:-)

3 comentários:

Unknown disse...

É lamentável e vergonhoso em pleno século 21 um ser humano viver numa situação dessa. Porém, o Governo Federal faz propaganda enganosa de uma série de "benefícios sociais" para a pobreza como a solução. Esse mesmo governo que anistia dívidas de países pobres, envia milhões para outros países, manda soldados para guerras inúteis é o mesmo governo que massacra a maioria dos Estados nordestinos, cobrando dívidas impagáveis com o suor do trabalho de um cidadão como esse alagoano. Retrato fiel do desgoverno, de aproveitadores que só aparecem de quatro em quatro anos para comprar votos e continuar mantendo a ferro e fogo o povo sem educação, saúde e segurança. Parabéns Graçinha pela coragem em mosttrar o retrato de Alagoas e do Brasil!

Gracinha de Souza disse...

Pois éh caro amigo, o jogo de interesse politico é muito grande, já as verdadeiras inteções de ajudar o cidadão fica em segundo plano, deixando-o a mercê de um direito que é seu. O fato deste mesmo cidadão ser singelo, ou seja, sem influencia e sem conhecimento da lei os governates acham que tem o direito de trata-lo assim, por isso, os beneficios são fraudados inclusive pelos que deveriam cumprir com a sua obrigação, de repassar o dinheiro dos cidadãos de baixa renda que são inclusos nesses programas. Uma realidade um pouco distante mesmo sabendo que o dinheiro vem e não pode pega-lo com as proprias mãos.


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(-:Gracinha de Souza:-)

Lala disse...

éh né q coisa?!^´