quarta-feira, 23 de março de 2011

Branquinha: uma cidade devastada pelas enchentes e descaso social



A cidade de Branquinha á 63 km da capital alagoana Maceió, que recentemente recebeu os alunos do curso de jornalismo do CESMAC para retratarem a realidade daquela gente em um documentário, vive o drama de ainda não ter sido reconstruída pelas autoridades competentes.

No meio do que restou da quadra de esporte, local que foi organizado para a exibição do documentário, poucos cidadão da cidade de Branquinha estiveram presentes, uma vez que a expectativa seria de umas tres mil pessoas. Não demorou muito para constatarmos um dos motivos da ausência da comunidade da dita cidade, a revolta, o medo e desesperança.


"A gente vai ver o que moça? Um filme? A minha vida é um filme de dor todos os dias quando eu levanto e não tenho onde morar, aí ver que estou de favor e sem comida para dar aos meus filhos só me pego a chorar. Todo mundo vem aqui tira fotos. Vem uns doutores bem vestidos, e nada!" Diz uma jovem mãe, amamentando o seu bebê e com expressão de indignação.



"Ser obrigada a morar num lugar desse é o maior castigo de nossas vidas, uma humilhação que não desejo nem a um inimigo meu." Diz um senhor com os olhos em lágrimas


" Não senhora, eu não quero falar nada não. Já viu povo pobre ter vez?" Diz uma senhora com os passos largos a caminho de "sua casa".


"Oito mêses após a tragédia que se abateu sobre as 19 cidades alagoanas e outras em Pernambuco, já há uma visível demonstração da fragilidade e de inadequação dos abrigos para serem utilizadas como residências por essa gente sofrida. Um descaso social de um povo fragilizado pelo medo e a falta de conhecimentos. As barracas foram doadas através da solidariedade do Rotary Internacional e são chamadas de “box”", porém, muitos querem ganhar "fama". Diz um aluno de jornalismo.



"Aqui não temos nada. A saúde não funciona. Se for lá, toma injeção e vai direto pra casa. Se vai pegar ficha para menino doente, não tem médico. É uma humilhação." Diz uma senhora com uma criança de colo nos braços com os olhos em lágrimas.




ENTREVISTA COM A PREFEITA DE BRANQUINHA:


Está sendo exibido o documentário sobre as enchentes daqui da cidade de Branquinha-AL onde era a antiga quadra municipal de esporte.

Qual é a sensação de ver esse documentário que relata a realidade de seu município?

R_ Foi um desastre, mas a gente vai conseguir reerguer essa cidade porque o mais importante é a esperança da construção. Fazer com que a gente, eu gestora e a população acredite que a gente vai ter uma nova cidade. Vai ter uma continuação do que era o centro com uma segurança da nova cidade sem precisar passar com os aperreios.



Em seu discurso você falou que daqui há um ano a cidade de Branquinha vai estar sendo renovada e inaugurada. Isso é um sonho, uma promessa ou uma ideologia?

R_ Não! Não é nem uma promessa, nem uma ideologia, nem um sonho, nem a certeza também porque o recursso não está comigo. Mas, é a esperança de mim como gestora. Jamais posso dizer que essa cidade não vai ser erguida. Então, eu como gestora tenho assim, a segurança de saber que vamos erguer essa cidade, por que? Porque ela está sendo construida, as pontes estão sendo feitas, os acessos estão sendo feitos. Então, eu quero que para o ano esteja inaugurada a nova cidade, é isso que eu quero. É uma certeza? É também! Mas lógico, com a esperança que esse sonho seja realizado.



Diante dos recursos do governo Federal que já foram repassados para a cidade de Branquinha, o que foi feito? Já foram entregues algumas casas?

R_ Não! O recurso do governo federal é gerenciado pelo governo do estado administrado com as secretarias e os ministérios. Então isso vai ser uma produção gradativamente com o programa minha casa, minha vida. Escola, secretaria da educação e ministério da educação. Saúde, secretaria de saúde, ministérios da saúde. Cultura, secretaria de cultura, e ministério da cultura. Então, a certeza dessa reconstrução a gente tem, porque por exemplo, o que foi recurso emergencial, que é o que? A ponte, as casas, a estrada, isso aí está sendo feito. E aí eu acredito sim que dentro de um ano estará pronto. Agora lógico, com a estrutura da cidade toda eu vou ter a certeza de que para ano eu estarei inaugura, né?



As pessoas que tiveram as suas casas levadas pelas enchentes, que ficaram desabrigadas como estão? Como foi que elas retomaram as suas vidas? A prefeitura arcou com algumas despesas?

R_ Os seis meses foram de muitos problemas, de muito desespero, de muita falta de esperança. Mas, a gente tomou várias medidas como gestão prefeitura e estado. A partir daí a gente começou o que? Criar essa moradia provisória que não é boa, é péssima! Mas, era a única alternativa porque a gente não tinha onde colocar as pessoas. Aí tinha que ir para a moradia provisória. Aí se criou a estrutura da moradia provisória com cozinha, atendimento, mas nunca é como você está dentro de sua casa. Você viver em sua casa e passar a viver dentro de uma barraca, é pessimo. Então, você não pode achar que isso melhorou, mas era o que nós tínhamos a oferecer naquele exato momento. A partir de agora, muita gente foi morar com os parentes, outras alugaram casas, então assim, voltaram a reestruturar a cidade porque as pessoas procuram o meio de sobrevivência deles, né? Teve o apoio da prefeitura com o aluguel social durante seis meses, teve a ajuda de recursos que foi dado também durante os seis primeiro meses. Agora esse junto com os seis meses não. Só pra as moradias provisórias, quem estava exatamente nas barracas. O resto da extrutura da cidade, infelizmente a gente não tem como atender todo mundo com aluguéis, então a gente espera o que? Que mais rápido possível as casas estejam prontas para tirar o pessoal das barracas e a partir daí evacuar as outras pessoas que tem casa de aluguel para cada um possuir do seu cadastro. Existe um cadastro que foi feito. Ele é mantido e tem um controle através da secretaria de assistência que por sinal o nosso modelo foi exemplo para as outras cidades que foram vítimas das enchentes. Nós temos um cartão que consta que a pessoa foi desabrigada, cada pessoa tem um na casa dela. Mesmo que a casa dela hoje encheu de água e secou, mas ela tem um cartão, ela sabe que aquela área é de risco , então ela vai ter que ir para a moradia definitiva. É uma escolha dela, lógico que eu não posso obrigá-la a ir. Mas, ela vai ter uma casa que vai ser a escolha dela.



Em seu discurso você falou que vai levar a cidade destruída para a parte alta da cidade. Foi feito um estudo para comprovar que essa área é segura, uma vez que é em área montanhosa?

R_ A gente fez todo um estudo, inclusive veio o IFAM do Rio de Janeiro. Então, não tem nenhum tipo de risco. Não é uma barreira, não é nada disso não. É como se fosse reto. Não tem nehuma ladeira. Diz Renata Moraes, prefeita da cidade de Branquinha-AL.




by

(-:Gracinha de Souza:-)

Nenhum comentário: