terça-feira, 22 de março de 2011

CESMAC: Alunos de jornalismo promovem documentário sobre as enchentes em Branquinha

Nesse ultimo sábado (19) os alunos do curso de Comunicação Social, com habilitações em Jornalismo e Publicidade & Propaganda, da Faculdade de Educação e Comunicação (FECOM/CESMAC),
concentraram-se na dita faculdade para embarcarem com destino à cidade de Branquinha_AL para assistir ao documentário “Branquinha – A Cidade das Águas Claras”.



Segundo informações obtidas, os futuros jornalistas ficavam chocados a cada cenário real das destruições causada pelas inundações. A força da água destruiu tudo que encontrou pela frente. As histórias de sobrevivência contadas pelos próprios moradores que por pouco não morreram no desastre, sensibilizava a todos.

Ainda segundo informações, os organizadores do documentário Anderson Barbosa e Marcos André tiveram como objetivo resgatar o fato histórico da cidade ao retrata-los em cena.

Os estudantes de jornalismo, publicidade e psicologia do CESMAC foram recepcionados no centro do piso da antiga quadra de esporte do município com a banda de fanfarra do PETI da cidade de Branquinha. Em discurso no que sobrou da quadra municipal, a prefeita Renata Moraes falou que no ano que vem estará inaugurando a nova cidade e que todos os desabrigados terão suas casas garantidas através do projeto do governo Federal, minha casa, minha vida. Segundo a prefeitura, a parte do Centro de Branquinha, destruída pela enchente, será reconstruída em uma área alta e longe do rio, dando origem a uma nova cidade. Quem teve a casa danificada – embora ainda esteja morando nos locais de risco – terá direito à moradia pelo programa Minha Casa, Minha Vida. A previsão de entrega é para daqui ha12 meses após o início das obras que, mesmo depois de 9 meses. ainda não deram início.

Entrevistas:

O que se quer passar dentro do contexto do documentário, da realidade e da perspectiva de vida desse povo, como você analisaria tudo isso que aconteceu com essa gente tão sofrida que muitas vezes é até ausente de esperança?

É verdade! No entanto, um propósito do documentário é representar um documento social. Sendo um documento social ele tem um compromisso de construir simbolicamente a memória da população de Branquinha,

nesse viéis, percebemos que no momento que a produção, que tem um compromisso social com a comunidade consegue instituir, recriar essa possibilidade de existência a comunidade, eles não só tentam amortizar esse choque traumático que é altamente doloroso, como também, apontar uma possibilidade de encontro na comunidade de ciências históricas. Esse é o primeiro objetivo do documentário, de repensar o espaço da comunidade enquanto sujeitos históricos e comunitários." Diz o professor Claudio Jorge.






Qual seria a principal mensagem que esse documentário deseja passar?

A principal mensagem que a gente quer passar para o povo de Branquinha é a esperança! A esperança social que não vai se perder.

Entre esse, outros trabalhos que retratam a cidade de Branquinha tanto antes quanto depois, então a memória dessa cidade não se perdeu. Mesmo que só na mente, na lembrança da população, estarão vivas. A principal preocupação do grupo foi a possibilidade da gente devolver, porque a gente vê muitos casos de pessoas que vão na cidade realizar um trabalho, voltam para as suas cidades e entregam o trabalho e acaba alí. O nosso trabalho social era que a gente pudesse devolver essa produção a sociedade e que a produção pudesse se ver e lembrar de sua imagem no documentário. Então, essa possibilidade que a gente consegue com o apoio da prefeita Renata Moraes, do CESMAC em possibilitar a devolução dessa obra da cidade de Braquinha foi a maior felicidade do grupo enquanto realizador em tentar uma mudança social tanto em Alagoas quanto em todo o país, porque o nosso trabalho não morre aqui. De fato sentimos muita emoção ao chegarmos aqui para a realização do documentário. Muitas vezes eu me emocionei com os relatos! Me emocionei com o relato da Rosa Maria( faz parte do documentário). A gente ouve deles a tragédia que até então a gente só tinha visto em jornais tanto na tv quanto impresso em imagens fortes, mas nenhum depoimento mais concreto. A gente veio pra cá meio que de entrão. Sem pedir permissão pra ninguém e a gente foi muito bem recebido pela cidade. Não tivemos problema nenhum em conseguir depoimentos das pessoas. Tem um senhor no documentário que ele só fazia chorar, ele não consegui nem falar. Durante todo o tempo, tentamos, mas ele só chorava, não conseguia falar porque é uma recordação que todos nós queremos esquecer dentro de uma tragédia. No grupo inteiro também foi uma emoção muito grande por propiciar esse documentário com essa troca de experiência dos dois lados. Diz Anderson Barbosa.



O que vocês queriam de fato passar para essa população vítima das enchentes e 'prisioneira' do sistema ?"

"O nosso objetivo foi conquistado. A gente tentou mostrar a tragédia mas, não limitando essa desconstrução do capital, dos bens materiais das pessoas. Mas, da memória histórica da cidade,

das coisas que deixaram de existir, não apenas limitando aos muros da cidade nessa questão materialista, mas voltada para essa perspectiva humorística. Tentar demonstrar para os moradores que eles são agentes transformadores da sociedade. Acho isso importantíssimo, porque de certa forma levanta a alto estima dos moradores e eles conseguem se ver na tela, sentir que são protagonistas que constróem a história de sua cidade. Isso é importante porque além de resgatar surge a perspectiva deles reconstruirem uma nova forma, saberem que eles agora são agentes transformadores." Diz Marcos André, estudante de jornalismo e um dos coordenadores do projeto.




"Tô minha filha, comendo farinha seca com linguiça. É só o que tenho em casa, servida? Eu perdi tudo! Lutei com a morte pra ela não me levar. A água levou tudo meu. Tudo, tudo! Agora eu estou

morando aqui na casa da minha irmã que ela me emprestou porque a minha casinha a enxurrada levou. Veio a luz de Deus e eu ainda tive forças de puxar o meu marido senão, só Deus sabe o que poderia ter acontecido com ele. " Diz Maria Madalena da Silva, uma das sobrevivente das enchentes da cidade de Branquinha.







"Eu só vivo doente, em cima dessa cama. A minha sorte foi que minha mulher me pegou pelo braço.
A água já estava na minha goela. Há 9 meses atrás eu era um homem. Quando amanheceu que a água levou tudo, eu não sou ninguém. Não tenho nada. O meu barzinho com tudo: geladeira, bebida, mesas e as cadeiras foram embora na correnteza. Muitas pessoas vivem onde as doutoras vão visitar em suas casas. Eu estou doente aqui em cima dessa cama e ninguém vem. Só aparecem aqui com remédio de pressão, mas eu não só estou doente de pressão, por isso, mandei a moça voltar com os remédios. Eu não vou ser contra a prefeita Renata, nunca! Porque ela é boa com a gente. Eu queria ser atendido por um médico e me levantar dessa cama. Você vai voltar aqui para me visitar e saber como eu estou? Oia Maria, ela vai vir aqui de novo!" Diz Josuel Farias dos Santos, sobrevivente das enchentes e vítima do abandono social.





Em breve entrevista completa com a prefeita da cidade de Branquinha_AL Renata Moraes.


Confira fotos e vídeo abaixo:



Concentração no CESMAC FECOM.

























Chegada a cidade de Branquinha_AL



Após as enchentes que acorreram na cidade de Branquinha.














Anoitecendo em Branquinha, hora do documentário.





Bastidores após o documentário Cidade das águas claras:





A volta pra casa:






Vídeo do documentário Cidade das águas claras. - http://vimeo.com/17327905


Fotos - Gracinha de Souza, Jhonatan Alves, Rodrigo e Lívia Leão.




by
(-:Gracinha de Souza:-)

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