sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Índios se juntam a servidores do Judiciário Federal durante mobilização


Os índios Xucuru-Kariri, da aldeia Monte Alegre de Palmeira dos Índios, e Karapotó-Guariri de São Sebastião, prestaram homenagem aos servidores públicos, unindo a luta pelo reconhecimento de suas terras com a luta dos trabalhadores do Judiciário Federal pela revisão salarial.

No Dia do Servidor Público, mais de 50 indígenas dançaram o toré em frente ao prédio das Varas Trabalhistas – local de resistência da greve pela aprovação dos projetos de leis 6.613/2009 e 6.697/2009 que revisam os Planos de Cargos e Salários da categoria.

No TRT/AL, os índios - que ocupam o prédio da Funai - reivindicaram o reconhecimento da demarcação de suas terras, o direito à saúde e à educação. O dirigente do Sindsep Jogelson Veras ressaltou que as terras pertencem aos índios. “E eles estão proibidos de continuarem na sua casa (referindo-se à Funai)”, questionou, ressaltando que sempre o governo alega o impacto financeiro para impedir o reajuste salarial, “mas é a corrupção quem quebra o país”, defendeu.

O coordenador Jurídico do Sindjus/AL, Marcus Robson, reafirmou que os índios são os verdadeiros dono da terra. “É um povo que luta pela democratização do país e está presente para democratizar o Judiciário”, disse.

Apoiando à greve, o dirigente do Sindicato dos Bancários Juan Ricardo Gomes informou que 42 mil bancários aderiram à greve passada, que resultou em conquistas. Ele destacou que o momento é esse. “Todos têm que ir à luta. Somos nós que faremos essa luta. É preciso vencer os obstáculos. E lutar sempre”.

Emocionado com a adesão da categoria, o servidor da PRT Moraes Junior disse que fazia tempo que não presenciava o prédio das Varas Trabalhistas parado. “Historicamente, esses servidores sempre fizeram grandes lutas. Parabenizo o Sindjus/AL por resgatar essa luta”. Ele destacou ainda que a luta não era por salário, mas contra uma cultura atrasada dentro das administrações dos tribunais.

O servidor da Justiça Federal Lauro Alves fez homenagem aos indígenas, citando os índios do Amazonas, onde suas terras estão sendo ameaçadas pelos latifundiários. O servidor repudiou o não reconhecimento dos índios Xucuru Kariri.

O cacique Chiquinho da tribo Xucuru Kariri agradeceu o apoio do Sindjus/AL e de outros sindicatos. Informou que os índios irão ficar na Funai por tempo indeterminado. Segundo ele, das 70 famílias da tribo Xucuru Kariri, a Fundação só reconhece uma parte. “Todos são índios e parentes. Já estamos plantando milho, batata doce, mandioca, banana e outros produtos sem receber ajuda para adquirir as sementes. Construimos 30 casas”.

Ao final da mobilização, um bolo comemorativo ao Dia do Servidor Público foi servido à categoria. O Sindjus/AL ainda entregou uma rosa a cada servidor grevista. A presidente do TRT, desembargadora Vanda Lustosa, também compareceu na homenagem.

O coordenador Jurídico do Sindjus/AL, Paulo Falcão, informou que na próxima quinta-feira (03), depois do feriadão, as atividades da greve continuarão em frente ao prédio das Varas Trabalhistas.

Atividade da greve

Pela manhã, o comando de greve visitou os servidores no prédio-sede do Tribunal Regional do Trabalho para convocar a categoria a aderir a greve. Na mobilização, o servidor Elivaldo Pereira, o Eli da 6ª Vara, citou uma frase para alertar os servidores: “não tem coisa que nos humilhe mais do que a coragem alheia”. Ele destacou que pior do que perder a função comissionada é perder a dignidade. “A Resolução 83 vem de cima para baixo pegar todo mundo”, ressaltou.

A servidora do TRT Silvana Ferreira disse que ficou tão aborrecida com a política da função comissionada, que hoje não quer nenhuma gratificação. A servidora Carla Azevedo completou, dizendo que as funções comissionadas não vão existir por muito tempo. “Temos que lutar é pelos vencimentos. Temos que ter salário digno”, defendeu.

Demostrando alegria, a servidora do TRT Rosa Mendonça disse que a felicidade dela “é ver que os colegas estão tomando consciência da situação. Quando um perde, todos perdem. Agora é hora de lutarmos para um ganho maior”, refletiu.

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