sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Alagoanos devem permanecer mais um ano em 'campos de refugio"


As vítimas das enchentes do ano passado devem ficar até o final de 2012 em “campos de refugiados”, como classificou a Rede Globo de Televisão, referindo-se aos acampamentos provisórios do estado. O governador Téo Vilela Filho informou nessa sexta-feira (19), como mostrou a equipe da Gazetaweb, que o governo deve levar até o final do próximo ano para entregar todas as casas do programa de reconstrução.

Nesta sexta-feira, a equipe do JN no Ar registrou a situação de milhares de vítimas das enchentes do ano passado. A equipe visitou alguns dos 11 acampamentos onde ainda há desabrigados da enchente de junho do ano passado. Segundo os números oficiais, são, neste momento, 8 mil pessoas que continuam vivendo em tendas e barracas improvisadas. Até agora, nenhuma casa foi entregue.


A equipe pousou no Aeroporto de Maceió no início da madrugada e, de manhã cedinho, passou no meio de canaviais em direção ao interior do estado, região mais destruída pelas inundações no ano passado. Quase 70 mil pessoas foram atingidas.

Como era uma operação de emergência, os moradores foram levados para acampamentos. Segundo os números oficiais, há, hoje, ainda 8 mil desabrigados morando em barracas.

"No município de Branquinha, a 64 quilômetros de Maceió, a imagem lembra mesmo um campo de refugiados", classificou o repórter André Luiz Azevedo.

Esta semana foi o aniversário de um ano do acampamento, um aniversário só com tristeza, sem nenhuma comemoração. As barracas agora estão praticamente destruídas porque não foram feitas para durar tanto tempo. Estão rasgadas e envelhecidas. Os moradores vão tentando sobreviver como podem.

Como as tendas não aguentaram, muitas famílias levantaram paredes de barro, casas de pau a pique. Foi o que fez Ângela para morar com os cinco filhos. Ela vive em um cômodo: “É aqui onde eu vivo com meus cinco filhos. Aqui me sinto mais segura do que na barraca de lona”, ela conta.

A segurança é mesmo um problema. Fogões foram adaptados dentro das barracas. Já houve incêndios.

A iluminação é precária. Água nas barracas só levando de balde. Só no local, são mais de 500 pessoas vivendo assim. Vanessa também ergueu cômodos improvisados depois que a barraca não resistiu. O marido morreu há três meses. Ela diz que começou com uma pneumonia e acha que foi por causa das condições do acampamento. “Dois quartos, sala, cozinha, um corredor que era largo”, ela lembra.

“Quando vim para cá, imaginava ficar pouco tempo. A gente não sabia de nada. Um ano é muito tempo, a gente não vai aguentar”, avisa outra vítima.

Muitos moradores não aguentaram mais ficar nos acampamentos. E como a casa nova não chegou, voltaram para as antigas, que ficam em áreas de risco. Só em Santana do Mundaú, a prefeitura calcula que já são 200 famílias morando novamente na beira do rio.

“O rio quando enche dá medo. Tem que sair correndo”, avisa uma moradora.

O vice-governador de Alagoas, José Thomaz Nonô, é o coordenador do programa de reconstrução das áreas atingidas. “É uma moradia difícil, desumana, calorenta, insalubre, promíscua porque as barracas são muito próximos umas das outras, e é isso que anima a gente a puxar a orelha de todos os envolvidos no processo”, afirmou.

Estão sendo construídas 17.398 casas para os desabrigados. A promessa do governo do estado é entregar as primeiras mil casas em outubro. “As casas estão atrasadas e a minha tarefa como coordenador é exatamente pressionar todos os envolvidos para que as coisas andem num prazo mais condizente com a gravidade do problema”, declarou José Nonô.

Em outro acampamento, no município de União dos Palmares, as barracas são mais novas. O banheiro coletivo também é novinho. O governo do estado diz que entregou o banheiro pronto para a prefeitura, que alega que ele estaria mal acabado e por isso não quis receber. “As mulheres tomam banho junto com os homens, os homens, junto com as mulheres. As condições são essas”, conta o gari Luís Amaro da Silva.

Em vários acampamentos visitados, o esgoto corre por onde todos passam. “As crianças estão todas com diarreia, cansados. Meus filhos estão com problemas de bronquite porque dormem no chão, quando chove enche de água”, revela a desabrigada Maria Eliege da Silva.

E são 247 crianças circulando só em um dos acampamentos. Como Maísa, de 5 anos, que resume o desejo de todos que estão vivendo no local: “Eu quero minha casa”, ela diz.

A promessa para o acampamento onde Maísa mora é que as primeiras casas sejam entregues agora em outubro. Sobre o banheiro em União dos Palmares, depois que a equipe esteve no local, o prefeito mandou quebrar o cadeado e o banheiro foi aberto finalmente.


CONFIRA A REPORTAGEM COMPLETA DO JN NO AR


Fonte: Site Gazetaweb.com


by

(-:Gracinha de Souza:-)

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